A Divina Providência é o jeito de ser de Deus, que sempre nos vê como filhos (as) e não se cansa de dar provas do seu amor por nós. Dom Orlando Brandes nos ajuda a entender essa pedagogia divina: 

“Deus é Pai, todo poderoso. Deus é amor. É próprio do amor cuidar, guiar, conduzir, prevenir. Providência significa amor sábio e cuidadoso. 

Amor que protege, conserva, transforma a história do mundo e das pessoas. É  Deus que se interessa pelos nossos interesses. 

Deus, rege o mundo. Não há destino cego, nem acaso, nem poder dos astros. Estamos no coração, nos braços e nas mãos de um Pai providente, santo, sábio.”

Mas como a Divina Providência “transforma a história do mundo e das pessoas”? É o que vamos entender neste post a partir do Carisma das Irmãs Beneditinas da Divina Providência.

Divina Providência para a Igreja

O Catecismo da Igreja Católica (301) diz: 

“Depois da criação, Deus não abandona a criatura a si mesma. Não só lhe dá o ser e o existir, mas a cada instante a mantém no ser, lhe dá o agir e a conduz ao seu termo.” 

Sendo assim, a Divina Providência é uma ação constante de Deus em favor da humanidade. Além de criar o ser humano, Ele o recriou através do seu Filho Jesus e continua agindo por meio dos instrumentos que Ele mesmo escolhe e um deles é a Igreja.

Porém, Deus não trabalha sozinho em nosso benefício, porque Ele conta com a nossa colaboração; nos deu capacidades, como a inteligência, para colaborarmos com a construção do mundo ao nosso redor.

E quando erramos, a Divina Providência, em sua misericórdia, escreve em linhas tortas e não deixa de tirar proveito de cada acontecimento, mas ressignifica tudo. Por isso, sempre podemos ter esperança diante dos obstáculos da vida, porque do mal, Deus tira um bem para o nosso bem.

No entanto, também corremos o risco de não acreditar na Divina Providência por muitos motivos, e nos tornamos vítimas do acaso, das fatalidades, da sorte, do azar e de ideias contrárias à fé. 

Todavia, quem crê na Divina Providência livra-se do destino incerto, aventura-se cada dia no enfrentamento das inseguranças, faz da oração sua força e confia no Senhor que conduz e realiza maravilhas em nossas vidas. 

Leia mais: Qual o significado da Providência Divina?

Divina providência e os santos

A fim de que nossa fé na Divina Providência seja fundamentada, escolhemos alguma frases de santos que provaram, com a vida, que o cuidado de Deus é real: 

Santa Catarina de Sena: 

“A Providência Divina jamais falta ao homem em nada, sob a condição de que ele a aceite. Somente estará ausente para os que se desesperam ou confiam em si mesmos.”

São Tomás de Aquino:

“É impossível que a Providência Divina se engane. Impossível também que sua vontade e suas ordens sejam ignoradas.” 

São Jerônimo:

“A Divina Providência tudo dirige e, o que consideras como um mal, é remédio.” 

Santa Teresa D’ávila:

“Mais do que nunca compreendo que os menores acontecimentos de nossa vida são guiados por Deus.” 

Por fim, Papa Francisco nos diz:

“Deus não se esquece de nós, de cada um de nós! De cada um de nós com nome e sobrenome. Ama-nos e não nos esquece.”

É a partir do amor de Deus por nós e de seus pequenos gestos que entendemos a Divina Providência.

Mas vamos estreitar esse conhecimento com a ajuda das Irmãs Beneditinas da Divina Providência.

Como o Carisma é uma Providência para a Igreja e a humanidade

Pois bem, Carisma é um dom do Espírito Santo e assim como Ele é infinito, tudo que cria, em sua essência, também o é. Assim, não se podem contar os dons do Espírito, nem enquadrá-los em um único perfil. 

E entre tantos carismas, existe o Carisma da Vida Religiosa que, segundo o dicionário da vida consagrada, é:

“Aquele dom do Espírito oferecido beneplacidamente por Deus a alguns fundadores, homens ou mulheres, para produzir neles determinadas capacidades que lhes permitam estarem aptos para iluminar novas comunidades de vida consagrada, na Igreja.”

Então, toda família religiosa tem um Carisma que nasceu através de uma pessoa – fundador (a), em um tempo e lugar, em benefício da humanidade e a serviço da Igreja. Por exemplo, a Ordem Beneditina, cujo carisma é o louvor a Deus.

Porém, São Bento – Fundador dos Beneditinos – inspirou muitos outros carismas religiosos na Igreja, entre eles, as Irmãs Beneditinas da Divina Providência, que se dedicam a ‘Acolher, Assistir e Educar’ todos os que Deus lhes confia.

Leia também: O que São Bento pode ensinar a um jovem hoje.

Se, então, um carisma traz uma resposta para o mundo, logo ele é um transporte da Divina Providência onde estiver. E a vida de cada consagrado (a) é, muitas vezes, a mão de Deus estendida a favor das pessoas em suas necessidades.

A Divina Providência gerou uma nova Congregação 

“A confiança na Divina Providência é o ventre que gera, gesta, nutre e sustenta a Congregação. Maria e Giustina Schiapparoli, cientes de seus limites, deram de sua pobreza para que a obra de Deus acontecesse.”

Como a Divina Providência conduz à plenitude toda a criação e seu maior empenho é ver a felicidade de seus filhos (as), obra prima de suas mãos, dessa forma, através da disponibilidade do coração de duas irmãs, inspirou a vida das Irmãs Beneditinas da Divina Providência.

De forma que a vida das servas de Deus Maria e Giustina Schiapparoli, Fundadoras da Congregação, é um testemunho vivo de que Deus interfere na história, age em meio aos empecilhos e realiza sua obra de salvação.

Ou seja, suas vidas são um exemplo de confiança na Divina Providência; elas deixaram um legado de vocações para a Igreja e um rastro seguro para ser seguido por toda pessoa que deseja experimentar o cuidado do Pai do céu.

Mas de que forma a mão de Deus transformou suas vidas e manifestou sua providência?

A Providência penetra na história

Quem diria que duas crianças órfãs de mãe doariam suas vidas por outras na mesma situação. Na lógica do mundo, isso é difícil, mas a Providência se encarrega de transformar a história.

Assim, aconteceu com as Irmãs Schiapparoli. Elas experimentaram a perda da mãe; foram conduzidas pelo pai a uma escola onde experimentaram o amor de Deus e aprenderam a cuidar de outras crianças.

Quando retornaram, além de cuidar do pai enfermo, abriram as portas de sua casa para acolher as crianças órfãs devido aos conflitos na Itália do século XIX. De um sofrimento familiar, Deus fez um caminho de salvação para as crianças através de duas jovens simples.

De forma que todo o caminho delas até a fundação da Congregação foi marcado pelo total abandono nas mãos de Deus. O segredo consistiu em trabalhar e confiar, como as ensinava São Bento. E as servas de Deus exercitaram o abandono e a confiança constantemente. 

Duas atitudes: abandono e confiança

Vamos destacar duas características fundamentais para a manifestação da Divina Providência na vida das Servas de Deus Maria e Giustina Schiapparoli:

Primeiro, elas nunca deixaram de acolher uma criança em casa, mesmo com pouco espaço, sem a provisão necessária ou sem estrutura suficiente, porém sempre foram surpreendidas pela Divina Providência.

Segundo, as irmãs tinham uma vida simples, de trabalho, oração e sacrifícios, mas não se contentavam com a pobreza vivida pelas crianças abandonadas nas ruas, por isso se empenharam em alcançar colaboradores para a obra e ensinar um ofício para as crianças.

Sendo assim, essa confiança e abandono foram transmitidas para toda a Congregação; essas virtudes fazem parte do espírito da Família Beneditina da Divina Providência. Não significam facilidades, mas empenho para viver segundo a vontade divina.

E essa Providência é um promessa para todos nós, ou seja, a vida das Irmãs ensinam a todos nós que viver o abandono e a confiança em Deus é o caminho certo para experimentar a sua Providência.

Logo, diante dos fatos não há argumentos, por isso que, pela experiência concreta das Fundadoras e da família religiosa que delas nasceu, é impossível não se lançar “nos braços e nas mãos de um Pai providente, santo, sábio”

E que tal obter graças pela intercessão das Servas de Deus Maria e Giustina Schiapparoli:

Ó Deus, Pai Providente, que tens manifestado o teu amor e a tua predileção pelos pequenos, pelos abandonados, pelos pobres, acolhe a oração que te fazemos. 

Seguindo o exemplo de Maria e Giustina Schiapparoli, concede-nos viver e agir segundo o Evangelho e tornar visível, no mundo, teu Amor Misericordioso e Providente.

Ouve a súplica que te dirigimos, nesta nossa necessidade (coloque sua intenção), também, pelos méritos de Maria e Giustina Schiapparoli, e, particularmente, pelos merecimentos de Jesus, teu Filho e nosso Senhor. Amém!

Continue lendo: Acolher, Assistir e Educar, o apostolado das Beneditinas da Divina Providência