A história da Obra religiosa das Beneditinas da Divina Providência

Toda Obra religiosa nasce da Bondade e Misericórdia Divina para com os seus filhos. 

Mas, como explicar que duas jovens, órfãs de mãe, em uma época de pobreza extrema, na Itália, tornaram-se o ponto de partida de uma nova Congregação para a Igreja de Cristo?

Ora, a Divina Providência se aproveita de tudo para construir uma nova história, principalmente quando encontra corações disponíveis para isso. 

E assim aconteceu com as irmãs Maria e Giustina Schiapparoli, Fundadoras da Obra Religiosa das Irmãs Beneditinas da Divina Providência (IBDP). É sobre essa fundação que vamos conversar neste post.

A semente da obra religiosa 

Os pais de Maria e Giustina Schiapparoli eram pessoas simples, do campo, dedicadas ao trabalho e à família. Com muito amor, tiveram sete filhos, dos quais só as duas irmãs chegaram à idade adulta. A mãe faleceu por complicações pós parto, muito cedo, deixando o pai viúvo e os filhos órfãos.

Com isso, o pai, Clemente Schiapparoli, resolve mudar-se para um outro local chamado Voghera, que oferecia melhores condições de vida e de trabalho para o sustento da família. Depois de algum tempo, as irmãs Maria e Giustina começaram a frequentar a Instituição das “Pobres Filhas Derelitas”, dirigida por Santa Benedetta Cambiagio, na cidade de Pavia-Itália.

Santa Benedetta foi uma pessoa de grande influência na formação humana e espiritual das duas jovens. No seu Instituto, Maria e Giustina obtiveram o diploma de professoras e aprenderam as primeiras lições de amor a Deus, o sacrifício por uma causa e a confiança na Providência Divina.  

Desde cedo, o testemunho e a companhia de Santa Benedetta inspiravam santidade para as Irmãs. Seu zelo e generosidade para com o outro eram extraordinário, e com ela, Maria e Giustina permaneceram por um período de doze anos. Ali dedicaram-se à educação e colaboraram com os trabalhos do Instituto que assistia crianças órfãs e abandonadas.

Porém, a Providência reservava algo diferente para as duas irmãs. Em virtude da velhice, doença e miséria do pai e enfermidade de sua irmã Luísa, que ficara cega, elas tiveram que retornar para Voghera para ocupar-se dos cuidados de seus familiares.

“A Providência não vos faltará” – primeiros passos da obra religiosa

Ao chegarem em casa, não apenas cuidaram do pai e da irmã cega, que faleceu poucos meses depois, mas, na própria casa paterna, começaram a acolher algumas crianças órfãs e abandonadas do povoado.

Embora também fossem pobres e vivessem de pequenos trabalhos que faziam para a paróquia, o coração já dava os primeiros sinais de uma nova obra. Sem falar que a situação da Itália era cada vez mais difícil. Havia muita pobreza, guerras, doenças e quem mais sofria eram as crianças em situação de abandono.

Porém, a casa simples da família Schiapparoli tornou-se morada de meninas pobres e desamparadas e, em pouco tempo, começou a crescer e uma nova obra religiosa  despontou na juventude das duas irmãs.  

Ainda mais, as pequenas acolhidas não sabiam o que a Providência Divina estava fazendo na vida das irmãs através delas! A abertura das portas da casa e do coração iniciou o Instituto Schiapparoli, lugar onde as crianças aprendiam a costurar, a bordar, recebiam noções de  leitura, escrita e, de modo especial, o catecismo e as lições para a vida.  

Acolher, Assistir e Educar – marca da nova Congregação 

As irmãs Schiapparoli começaram a se destacar na assistência às crianças e na sua educação. Também o Instituto tornou-se querido pela população e chamado de “Pobre Instituto Schiapparoli”. Elas, então, abriram uma pequena escola que sempre foi bem frequentada pelas meninas da cidade de Voghera. 

No entanto, para ajudar nas despesas das mais pobres, as servas de Deus acolhiam também meninas que podiam pagar e, dessa forma, o dinheiro ajudava aquelas que não tinham renda. 

Assim a obra religiosa despontava com novo Instituto, que era admirado principalmente pelo trabalho de educação e catequese realizado em favor da infância abandonada. Para as Irmãs, a acolhida das crianças não bastava, era urgente oferecer educação e algum ofício que as tirasse dos perigos das ruas. 

Para isso, elas se dedicavam na educação e como professoras diplomadas desempenharam bem o seu serviço. Nos primeiros tempos foram abertas também escolas de bordado e costura para dar formação em trabalhos manuais para as meninas acolhidas. 

O trabalho que as Schiapparoli iniciaram foi muito apreciado em Voghera e nas localidades vizinhas da Diocese e, por isso, muitos sacerdotes pediam a presença das Irmãs do nascente Instituto para o apostolado nas suas paróquias. 

Início da vida religiosa

Cada passo dado foi um Sim para o início da obra religiosa. Em 1849, as Servas de Deus Maria e Giustina retomam o hábito religioso e emitem os votos junto ao Oratório de Nossa Senhora das Graças pelas mãos do Capelão do Convento dos Franciscanos, o Padre Leonardo Maria Gosio da Maranza.  

Portanto, o hábito religioso e os votos emitidos confirmam o desejo das Irmãs Schiapparoli que, há muito tempo, já viviam por Deus e para Deus, amando-O em cada órfã abandonada que acolhiam dia após dia em sua casa.

E prosseguindo, já no ano de 1850, o Bispo de Tortona, Monsenhor Giovanni Negri, aprovou o nascimento da nova Família Religiosa, assim denominadas, Irmãs Beneditinas da Divina Providência. 

Desse modo, configurou-se a vida segundo o querer da Divina Providência, fundamento do Instituto Schiapparoli. Como outras Congregações da época, elas viviam sob a proteção de São Bento e seguiam o seu lema de vida: “Ora et Labora”(Oração e Trabalho).

Porém, houve muitas mudanças de moradia até a Comunidade passar a ocupar o antigo Convento do Rosário, cedido pelo município de Voghera. Era um local bem amplo e nele havia uma linda Igreja. Foi ali, nesta casa, que as Schiapparoli iniciaram a expansão do Instituto. 

Total entrega à Divina Providência

Desde o início da obra religiosa e da vida consagrada a Deus, as Irmãs prezavam pela vivência dos conselhos evangélicos, de forma especial, a pobreza e a confiança plena na Providência Divina, a partir da inspiração de São Bento: Ora et Labora (Reza e Trabalha)

Essa atitude de abandono completo nas mãos de Deus não significava passividade. Ao contrário, as servas de Deus eram ousadas em pedir o necessário à subsistência das crianças e, de modo recorrente, pediam às autoridades públicas recursos econômicos para manter a obra, em favor dos mais necessitados.

Da mesma forma, elas não fugiam do trabalho, nem temiam a pobreza. Porém, viviam o constante esvaziamento de si mesmas, sempre preocupadas com as crianças e o modo como mantê-las; nem sempre tinham o necessário, mas nunca foram desapontadas em sua  confiança na Divina Providência.

De fato, Deus provou a sua fidelidade e abençoou suas vidas de tal forma que a semente tornou-se uma árvore frondosa que ainda, hoje, abriga muitos pássaros, em diversas estações do ano e da vida. Assim, as Servas de Deus deixaram uma obra religiosa que tem como fundamento o abandono confiante e feliz nas mãos de Deus e da Mãe da Divina Providência.

Confiamos totalmente na Providência Divina

E, hoje, quem somos? Uma Congregação com Aprovação Pontifícia através do Decreto de 10 de fevereiro de 1936,  emitido pelo Papa Pio XI. Somos as Irmãs Beneditinas da Divina Providência (IBDP); frutos do abandono total testemunhado pelas Servas de Deus Maria e Giustina Schiapparoli.

Hoje, presente em quatro continentes, o Instituto continua vivenciando o compromisso das Irmãs Schiapparoli, seguindo a sua espiritualidade de configuração beneditina, muito bem expressa no lema “Ora et Labora”, que se destaca no escudo da Congregação. 

Para nós, “a confiança na Divina Providência é o ventre que gera, gesta, nutre e sustenta a Congregação.” E cada Irmã busca, com o auxílio do Espírito Santo, corresponder ao chamado de Deus na vida comunitária, na fraternidade com todos, no apostolado próprio das missões onde vivemos, na educação e na formação, especialmente da infância e juventude. 

Por fim, assim como Deus se manifestou através do rosto de cada criança órfã e abandonada, para as nossas Fundadoras, da mesma forma, Ele continua chamando para cada uma de nós seja um sinal do seu amor providente para os pequeninos do Reino.

 

Gostou desse conteúdo? Que tal aprofundar-se no significado da Divina Providência?

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