As Irmãs

A nossa Congregação de Irmãs Beneditinas da Divina Providência (IBDP) nasceu em Voghera, Itália, no ano de 1849, quando Deus suscitou, no coração de Maria e Giustina Schiapparoli, um chamado insistente para resgatar a vida e a dignidade de muitas crianças e jovens em situação de risco e de abandono.

Naquela época, a cidade de Voghera, passava por uma séria crise econômica: epidemias e pestes haviam deixado muitas famílias na miséria e feito órfãs centenas de crianças, as quais, por não encontrarem outros meios, viviam nas ruas, pedindo esmolas, desprotegidas, sem cuidado e sem afeto. Quem cuidaria destas crianças órfãs, pobres, abandonadas à própria sorte?

Diante desta triste realidade, Deus suscitou no coração de nossas Fundadoras Maria e Giustina Schiapparoli o desejo de fazer algo para amenizar tanta dor. Abraçando a missão, elas decidiram acolher, em sua própria casa, as meninas pobres, órfãs e abandonadas, cuidando delas com amor de mãe e ensinando-lhes os valores essenciais de uma vida cristã.

Assim, com trabalho e honestidade, na simplicidade e na humildade de vida, Maria e Giustina Schiapparoli iniciaram uma obra de amor e acolhimento, pelo bem das meninas. Vivendo sob o lema de São Bento: “Ora et Labora”, “Reza e Trabalha”, elas se consagraram totalmente a Deus e ao serviço do próximo. Com o seu testemunho, muitas outras jovens, atraídas por esse ideal, também se consagraram a Deus, dando continuidade à nobre missão iniciada por Madre Maria e Madre Giustina, e, dessa forma, a Congregação pôde crescer e se expandir em diversas regiões da Itália.

A pobreza e as necessidades da obra e da missão que desenvolviam em favor das meninas acolhidas, fizeram-se sentir, desde muito cedo, entre as primeiras Irmãs, o que levou Madre Giustina a afirmar: “Confio na Divina Providência, na qual se apoia a nossa obra”.

No ano de 1936, atentas às necessidades da Igreja Missionária, a Congregação avançou, pela primeira vez, para a missão internacional, enviando sete Irmãs Missionárias para um trabalho pioneiro, na colônia de imigrantes italianos, em Nova Veneza, Santa Catarina, Brasil.

Logo que chegaram, as Irmãs dedicaram-se ao Apostolado Caritativo Beneditino junto aos doentes do Hospital São Marcos e nas atividades pastorais da Igreja local. Pouco tempo depois, ampliaram seu trabalho, passando a ocupar-se também da educação e do acolhimento de meninas e jovens nesta obra iniciada pelas primeiras Irmãs enviadas à América.

Com o passar do tempo, a “semente” da nossa Congregação de Irmãs Beneditinas da Divina Providência, lançada em terra fecunda, cresceu, deu “frutos” e espalhou seus “ramos” pelo mundo. 

Hoje, nós, Irmãs, atuamos em quatro continentes: Europa, América, África e Ásia. Com muito amor e dedicação, realizamos a missão de Acolher, Assistir e Educar, procurando imprimir a marca do Carisma Beneditino nos países onde fomos chamadas: Itália, Brasil, Paraguai, Guiné Bissau, Bolívia, Romênia, Albânia, México, Índia, Kenya, Argentina, Malawi, Moçambique, Tanzânia e Sri Lanka.

Com fidelidade às nossas origens, nós, Irmãs Beneditinas da Divina Providência, continuamos hoje nossa missão, sendo um “prolongamento da Divina Providência”, na defesa da vida a nós confiada, em comunhão com os leigos da Família Espiritual Beneditina da Divina Providência.

O carisma é uma graça especial e extraordinária ou uma graça simples e comum, pela qual o Espírito Santo torna a pessoa apta e pronta para edificar a Igreja, isto é, contribuir para sua renovação e maior crescimento. O Espírito Santo quando escolhe alguém para agraciar com seus carismas é para o bem de todos. Não há dom (graça) do alto, natural ou sobrenatural, eminente ou extraordinário, somente para si.

Sendo Carisma o Dom dado pelo Espírito para o benefício de todos, manter viva a chama do Carisma é dever de todo membro da Congregação, pois cada instituto tem uma responsabilidade primária com respeito à própria identidade. Isso porque o carisma dos fundadores é confiado a cada Instituto como patrimônio original em benefício de seus membros e de toda a Igreja. Cultivar a própria identidade carismática na fidelidade criativa significa viver de modo comprometido com as duas dimensões do Carisma: o ser e o fazer.  O Carisma da Congregação das Irmãs Beneditinas da Divina Providência assim se apresenta: 

– Espiritualidade: Inspiração profunda, fruto da relação íntima com Deus, expressa na Confiança na Divina Providência. A Irmã Beneditina é chamada, nesta perspectiva, a testemunhar as seguintes virtudes: 

– Confiante abandono na Divina Providência: “Encontrando-se em qualquer necessidade, confiará de coração, na Divina Providência, tendo certeza de que Deus não a abandonará e providenciará suas necessidades, tanto espirituais como temporais”.

– Pobreza: “As Irmãs Beneditinas da Providência, depois de Deus, consideram como primeiro sustentáculo do Instituto a santa pobreza…”. 

– Simplicidade e humildade de vida: “…Deus se serve de mim, pobre e indigna sua serva”. 

– Espírito de oração: “A oração é um meio absolutamente necessário para obter de Deus suas luzes e ajuda para cumprir bem os nossos deveres e santificar-nos…”.

– Espírito de família: “As recreações santamente alegres são indício seguro do bom espírito da Comunidade. Se nelas reinar a alegria, é porque tudo vai bem; se, pelo contrário, dominar a tristeza, é sinal de que falta aquela fusão dos corações, tão necessária para o bom andamento da casa”.

– Apostolado: A missão se expressa por meio do Acolher, Assistir e Educar a infância e a juventude especialmente pobre e marginalizada ou posta em situações de risco. As Irmãs, sensíveis aos apelos da Divina Providência, dedicam-se também às obras caritativas-assistenciais, nos hospitais e nas casas de acolhimento aos idosos. Alguns dos componentes importantes no nosso apostolado são: 

– Caridade paciente: “Trabalhemos juntas, queridas Irmãs, trabalhemos unidas e formando ‘um só coração e uma só alma’, para realizar o nosso ideal de santidade pessoal e coletiva. Tenhamos sempre presente que a Comunidade florescerá e dará maior glória a Deus quanto maior for a nossa santidade…” 

– Amor ao trabalho: “Deus nos destinou a todos para o trabalho, mas este parece ser, de modo particular, um dever dos pobres. Como pobres… as Beneditinas não sentirão demasiadamente pesado nem a fadiga nem o trabalho…” 

– Amorosa dedicação à infância e à juventude: “As Irmãs Beneditinas devem recordar-se de que foram chamadas para este Instituto para se tornarem santas, fazendo o bem ao seu próximo e, especialmente, às meninas que foram confiadas a elas para dirigi-las e instruí-las”.