Queridas Irmãs e caros Irmãos em Cristo, Feliz Páscoa!!!
Cristo ressuscitou por nós, para que possamos reencontrá-Lo e Nele renovar a nossa vida, a nossa Consagração Religiosa, matrimonial, os nossos compromissos missionários, as nossas promessas de fidelidade no estado de vida que optamos, respondendo ao seu chamado: Vida Religiosa Consagrada, vida conjugal, vida entregue ao serviço dos irmãos e irmãs.
Sim, Cristo quer sempre encontrar-se conosco, quer encontrar-se com cada homem e cada mulher para dar a todos a Salvação; por isso, morreu e ressuscitou por nós e nos deixou o dom da Eucaristia, verdadeiro Corpo e verdadeiro Sangue, alimento de vida eterna, bebida de Salvação.
Este ano gostaria de compartilhar com vocês algumas reflexões sobre vários encontros que o Senhor Jesus teve durante sua vida terrena, buscando descobrir juntos quais ensinamentos Ele quis e quer nos dar com esses encontros. Antes de tudo, Ele nunca se nega a ninguém, aceita falar com todos, acolhe a todos, homens e mulheres, jovens e velhos, ricos e pobres, santos e pecadores. Mas vejamos especificamente alguns diálogos.
ZAQUEU (Lc 19,1-10)
Zaqueu: cobrador de impostos, chefe dos publicanos e rico, por isso, muito odiado. Um pecador a ser evitado, a ser condenado. Mas Jesus não pensa assim. Zaqueu deseja buscar, ver, encontrar Jesus. É a atitude do cristão que deveria estar sempre em busca da verdade. Mas enquanto procura, percebe que ele mesmo está sendo procurado, porque este é o estilo de Jesus: ir em busca da humanidade necessitada. Mas a multidão não se alegra, pelo contrário, critica: “Ele entrou na casa de um pecador”, Jesus não se detém: “O Filho do homem veio buscar e salvar quem se havia perdido”. E assim o encontro com Jesus muda a vida de Zaqueu. “Eis que, Senhor, dou metade dos meus bens aos pobres; e se defraudei alguém, pago quatro vezes mais”. Nós também somos chamados a buscar Jesus nos Evangelhos, na liturgia celebrada, nos pobres. E vamos encontrá-Lo. Jesus que olha para Zaqueu, também olha para cada um de nós.
OS DOIS DISCÍPULOS (Jo 1,35-39)
Jesus novamente passa pelo caminho, sempre em busca. E aqui está João Batista que o aponta: “Eis o Cordeiro de Deus!” Dois discípulos vão atrás de Cristo. Ele ouve aqueles passos e pergunta: “Quem procurais?” Com esta pergunta Jesus quer que nos questionemos interiormente. O que estamos realmente procurando em nossas vidas? Precisamos questionar o coração, mesmo que não sejamos mais adolescentes, e esta busca nos levará de volta a Jesus, para aprofundar cada vez mais o seu conhecimento. E naquele dia eles ficaram com Ele. Não sabemos o que viram e o que disseram um ao outro, mas aquela hora ficou gravada na memória deles. Nesta página podemos sublinhar três verbos: ir atrás do Mestre e da sua cruz, confiantes de que ela nos conduzirá à glória sem fim; enxergar na fé e no amor aquele Rosto adorável que se ‘fixa’ em nós para nos dar amor e misericórdia; permanecer Nele e no seu amor para que a nossa vida seja habitada pela Santíssima Trindade.
NICODEMUS (Jo 3,1-12)
Nicodemos pertence ao grupo poderoso dos fariseus, estudiosos da Lei e ouve falar de Jesus e dos milagres que Ele faz. Decide encontrá-Lo, à noite, porém. Como ele era um chefe tinha medo de tomar partido. Mas Jesus com suas afirmações lhe abre horizontes enormes. “Para nascer de novo do alto, para ver o Reino de Deus…” Assim, a fé começa a surgir em Nicodemos e ele não tem mais medo, apesar dos graves riscos a que está exposto. E Nicodemos de ‘mestre em Israel’, torna-se discípulo. Uma lição para nós, esta de Nicodemos, para nós que, muitas vezes, pensamos que sabemos tudo e assim perdemos os preciosos ensinamentos de Jesus.
A SAMARITANA (Jo 4,1-30)
Esta mulher, considerada uma pecadora, encontra-se com Jesus, na verdade é Ele quem se faz encontrar no poço de Jacó. Os judeus evitavam passar por Samaria porque era um território perigoso para eles, mas Jesus decide passar por ali porque seu coração o manda. Encontra a samaritana à procura de água, com aquele cântaro vazio, que começa a narrar a sua vida, cheia de homens e vazia de amor. Jesus junto ao poço quer ser luz e tenta, com amor, conduzir à luz aquela mulher. Ele pede a ela “Dá-me de beber”. O Senhor sempre compromete a pessoa em seus desígnios. Ele pede de beber junto ao poço, logo no início do seu ministério, e no Calvário vai dizer “Tenho sede!” Jesus tem sede de almas para salvar, sede de comunhão, sede de amor.
CANANÉIA (Mt 15:21-28)
A mulher cananéia é estrangeira, de origem siro-fenícia, pagã; ela não pertence ao povo de Israel e tenta arrancar um milagre de Jesus. A princípio Ele não a considera, nem mesmo lhe dirige a palavra. Desta forma, resistindo à sua súplica, desperta nela a fé, a faz crescer até se tornar uma ‘crente’, uma das primeiras fiéis vindas do paganismo. A cananéia, esta mulher sem nome, é como se nos dissesse: pede, procura, bate e receberás. Aquele “pedi e dar-se-vos-á” que encontramos no Sermão da Montanha (Mt 7,7) é uma promessa, a promessa de Cristo.
O JOVEM RICO (Mc 10,17-22)
Há uma atitude de Jesus para com este jovem que deve ser bem compreendida: “Fixando nele o olhar, amou-o”. Jesus quer envolver o jovem na busca do seu amor. Ele sabe que é rico, apegado às suas coisas e lhe propõe que confie na sua palavra: “Só te falta uma coisa, vai, vende o que tens e dá aos pobres” “Terás um tesouro no céu”. “Depois, siga-me.” No entanto, o jovem se assustou, não entendeu que a felicidade não depende do possuir, mas no doar. Assim, no final, fica uma grande tristeza.
O PARALÍTICO (Jo 5,1-9)
Jesus sobe a Jerusalém, mas não vai ao Templo onde acontece a “festa judaica”, vai à Porta das Ovelhas, à piscina, onde estão cegos, coxos, paralíticos, pessoas que sofrem. Assim, quem quiser encontrar Cristo deve procurá-Lo no meio da humanidade sofredora. O paralítico a quem Jesus se dirige é talvez o mais pobre dos pobres, o símbolo de pessoas solitárias e sofredoras. A pergunta que Jesus lhe faz “Queres ser curado?” parece vulgar, mas, na realidade, é profundamente respeitosa: Jesus quer que seja ele mesmo a responder, não quer impor nada. Aquele dia era um sábado e a reação dos inimigos foi hostil: em vez de sentirem alegria diante do milagre, julgaram o gesto de Jesus uma transgressão do descanso sabático. Mas Jesus coloca a pessoa humana acima da Lei. Assim o paralítico é abraçado pela misericórdia do Senhor.
A VIÚVA DE NAIM (Lc 7,11-17)
Duas procissões se encontram: aquela da morte e aquela da celebração. As primeiras palavras de Jesus para a mãe de luto pelo filho morto são “não chore”. Jesus se compadece de uma mãe viúva que perde seu único filho, única segurança para sua velhice. Jesus não tem medo de se aproximar do caixão e contrair uma impureza. Para fazer o bem, ele passa por cima das prescrições legais e o filho amado é devolvido à sua mãe. Eis o sinal para nós: Jesus tem poder sobre a morte e a ressurreição de Cristo é a resposta definitiva sobre a morte. O Evangelista Lucas conclui dizendo que “todos com temor – isto é, com atitude de confiança e esperança – glorificavam a Deus”.
A MULHER QUE LAVA OS PÉS DE JESUS (Lc 7,36-50)
Com o aproximar da Paixão, Jesus aceita o convite para almoçar na casa de Simão, o leproso, um homem que, devido à sua doença, teve um passado de dor e humilhação. Chega uma mulher, uma daquelas de vida fácil conhecida naquela cidade, traz óleo perfumado, chora aos pés de Jesus, enxuga-os com os cabelos, beija-os, unge-os com perfume. Simão a julga, mas Jesus contesta e perdoa a mulher. O centro do Evangelho, especialmente em Lucas, é a misericórdia de Cristo, nunca nos esqueçamos disso.
MARIA MADALENA (Jo 20,11-18)
As lágrimas de Maria são lágrimas de amor. Maria chora o Mestre perdido, mas ainda se inclina para o sepulcro como se fosse procurá-lo novamente. Sim, o Ressuscitado chama pelo nome. Maria Madalena e todos nós. O Ressuscitado é um Deus próximo. No entanto, não podemos reter o Senhor só para nós, do encontro com Ele devemos anunciá-Lo aos nossos irmãos e irmãs!
Queridas Irmãs, caríssimos amigos, poderia ainda continuar, sobretudo, tendo em conta os outros encontros que Jesus teve depois de sua ressurreição, encontros ricos de humanidade, de ternura; encontros que dizem a cada um de nós como é grande o desejo de Jesus de nos encontrar. Mas deixo para vocês continuarem a reflexão. Deixo, por exemplo, algumas citações para que nos empenhemos a fazer uma reflexão orante. Esta vai nos ajudar a crescer no conhecimento de Jesus e poderemos compreender ainda mais as exigências do seguimento, cada qual no seu estado de vida, e idade.
- As Mulheres indo ao sepulcro (Mt 28,8-10; Lc 24,1-9)
- Os discípulos a caminho de Emaús (Lc 24,13-32)
- Os discípulos reunidos no Cenáculo (Lc 24,36-49; Jo 20,19-25; Jo 20,26-29)
- O encontro no lago da Galiléia (Jo 21,1-14)
- Diálogo com Pedro (Jo 21,15-19)
O Senhor ressuscitou verdadeiramente! Aleluia, Aleluia!!
Boa reflexão a todos e boa festa na alegria!
Madre Lina Maria Giroto
Superiora Geral