“Puseram-me de guarda”
Que tal chegar numa casa e ter diante de si, essa inscrição: “Puseram-me de guarda”! Essa história vem de longe e; aqui e ali, aparece, novamente, sob novas formas, como essa, que passarei a relatar.
No mês de novembro de 2021, Ir. Rosilene Colombo, Superiora da Comunidade São José, enquanto fazia uma revisão no depósito de objetos fora de uso, desencanta um lindo quadro de São José, em cerâmica. Logo foi tirado de seu cantinho e de seu sossego. Uma beleza! Não podia continuar no esconderijo, foi resgatado, livre da poeira e teias de aranhas e levado para ser visto, admirado e invocado, até que fosse idealizado um projeto adequado para ocupar um lugar de destaque, ainda mais, como o santo titular de nossa casa.
Chegado o mês de dezembro, o quadro continuava na prateleira. Até que um dia, Ir. Rosilene, tomando o quadro na mão, declarou: “Ainda hei de ver esse quadro de São José no local que ele merece, pois ele é nosso protetor”. Aliás, toda casa Beneditina que se preza tem-no em destaque.
O assunto foi debatido em comunidade. Surgiram diferentes ideias. Escolhida, a ideia de se construir uma “edícula”, conhecida por nós por “capitel”.
O local deveria ser em harmonia com a arquitetura da casa. A ideia seria criar algo que identificasse a nossa casa. Também foi definida a pessoa encarregada a apresentar uma maquete para a apreciação. Aprovados o desenho e a maquete. E agora, quem vai pôr de pé esse pequeno projeto?
De dezembro, parte-se para janeiro. Até que apareceu um pedreiro, dizendo que podia fazer, mas que estava cheio de serviço. Só se aceitássemos que trabalhasse após seu horário, pois que trabalhava numa empresa.
Estávamos ansiosas e acabou-se aceitando a proposta: melhor do que nada! Ainda mais que neste ano, a Igreja celebra o ano dedicado a São José pelo Decreto do Papa Francisco. Pensamos ter o capitel pronto até março de 2022.
A convite da Ir. Rosilene, Dom Jacinto Flash, nosso Bispo Diocesano, celebrou uma Santa Missa, na capela das Irmãs, e, no final, deu a bênção ao quadro com a imagem de São José, e, após foi guardada para ser colocada no capitel, assim que ficasse pronto.
No dia 8 de janeiro de 2022 às 17h, o pedreiro Élison e seu irmão, deram início à obra, no canto direito da casa, a começar pela remoção do calçamento existente. E em seguida, abriram as covas para os alicerces. Nos dias seguintes, levantaram as paredes com tijolos e a caixaria para o telhado, duas águas conforme a maquete.
No dia 12 de fevereiro, encheram a caixaria com o concreto. E após três dias, deixaram a armação e fizeram as paredes e o reboco. Mas para nossa surpresa, a partir desse dia, não mais voltaram, sequer, para explicar o motivo do o abandono e o serviço esperando. Mas pedreiro, que é bom, nada!
O mês de março, marcado para a inauguração às portas. Ah! São José ajude-nos! É para você ficar mais perto da gente!
O tempo passando rápido, inclusive o mês de março. No dia 18, terminamos o Tríduo em honra a São José, o patrono de nossa casa, bem que gostaríamos de lhe fazermos uma calorosa acolhida.
Algumas ocorrências atravessaram nossos planos. Não bastassem as já superadas, caiu um forte temporal que estragou o rejunte do telhado escorrendo sobre o serviço já feito.
Assim chegou o dia do padroeiro São José: Saudação, louvor, orações, confiantes em nossos pedidos ao santo provedor. Já que se fizera Providência, cuidando de Jesus e Maria, hoje, é a nós que pedimos sua proteção. Desde o início de nossa história: temos lindas passagens de sua intervenção, alcançando-nos grande benefícios.
Nesse dia, expressamos nosso afeto e gratidão! Mas estávamos meio desapontadas. Capitel pela metade. E mais a pequena estrutura, danificada pelo temporal. Parece que o nosso velhinho não é de muita cerimônia!
Nossa devoção não se abate, continuamos confiantes. Um belo dia, à tarde, na hora do Terço dirigimo-nos ao quarto de Ir. Tarcísia, há anos sofrendo mal de alzheimer, acamada, imovél, sem comunicação. Cada Irmã levava seu símbolo devocional: santinho, imagem, foto… Falamos sobre a data, cantamos o hino: “Lembrai-vos, São José”. Qual não foi a nossa alegria e emoção ao vê-la movendo, levemente os lábios e soltar grossa lágrima: pequeno gesto de agradecimento.
O mês de março terminando… Início do outono… O tempo em copiosa chuva, frio chegando… Nada de pedreiro para terminar o capitel.
Decidimos dar continuidade ao serviço. Procura-se outro pedreiro que aceite terminar a casinha de São José e a acolhida aos visitantes. Só que chove o tempo todo e o estrago continua… Que pena! ainda que, onde ele está, a água não mais o atinge, nem o frio.
Agora, nova data. A expectativa era deixar pronto para o Encontro de Espiritualidade dos religiosos da Diocese de Criciúma, marcado para o dia 9 de abril, em nossa Casa São José.
Vendo nossa agonia, Daniela, uma das cuidadoras das irmãs idosas, falou que seu sogro, o senhor Valdecir, pedreiro há muitos anos, poderia levar até o fim aquele tão esperado trabalho.
Assim foi feito, o sr. Valdecir, auxiliado pelo nosso funcionário, Renan, retomaram a tarefa abandonada há mais de um mês, começando por organizar o entorno e concertar os estragos causados pelo temporal.
Estávamos desapontadas com nosso São José. Mas agora o pedreiro retoma o serviço. Mesmo que as chuvas persistem, nossos trabalhadores usam lonas para cobrir dos aguaceiros. Queríamos deixar tudo pronto para o dia 9 de abril, para receber a CRB da Diocese de Criciúma.
Com persistência, as dificuldades foram sendo superadas, também com a pintura da parte externa. Sendo assim, foi possível assentar o item solicitado pelas Irmãs da casa. Dia 24 de março, após uma intensa semana de revestimento da calçada, pintura sobre os tijolos encaixados, os serviços de pedreiro foram concluídos. Obrigada, senhor Valdecir! São José viu sua boa vontade. Que ele abençoe você e a sua família!
Precisávamos encontrar um modo de nos identificar ao público que nos procura para dar uma resposta: Quem somos? Irmãs Beneditinas da Divina Providência.
São José, o nosso guardião: “puseram-me de guarda”
No dia 26 de março, o artesão veneziano, o senhor Antônio veio aplicar o letreiro próximo a cobertura do capitel: “Irmãs Beneditinas da Divina Providência”, na faixa intermediária, o nome da casa, “Casa São José”, no frontal do piso a frase distintiva, “Puseram-me de guarda”.
Esta expressão é um resgate de um pensamento já utilizado em Voghera, na Casa Mãe; em Nova Veneza, no Instituto Sagrada Família e em Curitiba, na Casa Provincial. Nossas casas religiosas sob os cuidados da Virgem Maria e São José, invocando sua proteção e amparo.
Tudo bonito! Mas não completo. Nos dias seguintes, continuaram as chuvas e a decepção aparece. A falta de sol não ajudou a secar a tinta. Com isso, apareceu uma coleção de bolhas debaixo da tinta. Aguenta mais essa, São José!
Apesar dos percalços, o principal já estava pronto e o encontro dos religiosos da Diocese aconteceu, em nossa casa e o capitel de São José concluído. O encontro transcorreu na tranquilidade e de forma sinodal, todos com voz ativa, animando e atualizando essa importante organização da Vida Religiosa Consagrada.
Passados dois meses, pensou-se em achar que a tinta dificultaria o acabamento, pois muito exposto ao tempo. Optou-se por revestir com cerâmica, a parede externa, possivelmente, mantendo a cor ocre. Passamos no comércio de várias cidades. Mas não a encontramos, pois as construções modernas, optam por cerâmicas imitando madeira, cores frias.
Era de nosso conhecimento que, na cidade de São José, na grande Florianópolis-SC, havia uma casa comercial de nome Cemitério de Azulejos. Assim conseguimos fazer a encomenda de 5m quadrados, que chegou até nós, no dia 3 de agosto de 2022, para, enfim, terminarmos o nosso capitel, em honra ao santo protetor da comunidade, São José.
Irmã Agenora Thomasi
Nova Veneza-Santa Catarina