Jubileu de 60° Ano de Vida Religiosa
1963-2023
Um marco indelével
Enquanto o mundo católico, suspirava por uma nova primavera na Igreja e mantinha os olhos fixos em Roma, no Concílio Vaticano II, em Voghera, tive a graça de celebrar a minha primeira Profissão Religiosa: “Ao Senhor, luz do meu caminho, da casa paterna à vida religiosa, faço hoje, feliz e confiante, os meus primeiros votos, implorando para meus familiares, a graça da fidelidade, para o Instituto, que é minha família, a graça da vida e da alegria e para a Igreja e os Padres do Concilio Vaticano II, as luzes do Divino Espírito Santo, para que se renove a terra” (do santinho da Profissão Religiosa, 14/08/1963 – Ano Conciliar).
Sou muito grata a Jesus porque, na minha primeira juventude, me transplantou do Brasil para a Itália, em Voghera-PV, bem no coração de nossa Congregação. Foi neste berço querido que aprendi e experimentei quanto é bom e agradável viver na Casa do Senhor. A época era dificil: longe da pátria, da família, convivendo com a saudade, numa nova cultura, aprendendo nova lingua … Quantas vezes o coração apertava e chorava… Mas, a opção era certa: “Viver com Jesus”.
Os anos foram passando e o vínculo se aprofundando com a Profissão Perpétua: Confirma, ó Deus aquilo que operaste em mim! Esta etapa foi de muita provação. No Brasil, doença e morte de meu irmão com apenas 22 anos (visitá-lo ? naquela época, impossível) mas, com a graça e a Sabedoria Divina, fui me amoldando à dor e à separação.
Sou muito feliz de pertencer à esta Congregação das Irmãs Beneditinas da Divina Providência. Posso afirmar que sempre me senti FAMĺLIA no decorrer de todos estes 60 anos. Agradeço a Deus tudo o que fiz, o convívio alegre e entusiasta, nas pastorais e nos vários serviços por onde passei. Marcante foi a experiência com as meninas de rua na Casa Gente Menina, em Criciúma-SC. Tu, criatura de Deus, és gente e não apenas objeto barato nas mãos de pessoas corruptas!
Ultimamente, tenho a graça de tocar com mãos o íntimo da vida da nossa Congregação seus desafios de ontem e de hoje, trabalhando aqui em Roma na secretaria geral e no arquivo histórico. Grande e preciosa é a lição de aprender com a história, aprender com quem se consumiu, com fidelidade, até o fim e também aprender com o testemunho de quem continua desgastando-se na missão do dia a dia. Quisera ter hoje, meus 30 anos para refazer o caminho, sair pelo mundo afora anunciando: “Ai de mim se não evangelizar “ (1Cor 9,16).
Pois bem, dobro os joelhos de gratidão diante de Meu Deus e Senhor por tanta bondade e, ao mesmo tempo, peço perdão por minhas quedas e fragilidades: caindo e me levantando, vivendo e aprendendo. Hoje percebo que tudo foi Graça!
Agradeço aos meus pais pela generosidade de me oferecer a Deus e acompanhar com carinho meus passos; agradeço todas as pessoas que me ajudaram e me incentivaram, em especial, os que conviveram e convivem comigo no dia-a-dia da missão pela paciência, bondade, respeito e colaboração. Este chamado, além de enriquecer a minha família de sangue nos alegres e tristes momentos de sua história, me dá graça de viver na Igreja e pela Igreja a riqueza do nosso Carisma não obstante meus acertos e desacertos. “Não tenhas medo, ainda que passares pela água e rios estas não te submergirão; ainda que passares pelo fogo, este não te queimará… porque Tu és minha!” (Is 43, 1-3). Sim, foi esta a bússola que me ajudou a não recuar e a enfrentar as tempestades da vida.
Canto louvores pela santidade de nossas Irmãs Beneditinas, pela santidade de nossas Veneráveis Fundadoras Giustina e Maria Schiapparoli, pelo Carisma do confiante abandono na Divina Providência.
Obrigada, Família Beneditina, pois me amaste desde o início, confiaste em mim e continuas respeitando as curvas de minha vida.
Obrigada, colegas de noviciado e juniorato, Obrigada Irmãs, Obrigada Comunidades, Obrigada Superioras provinciais, Superioras gerais, em particular Madre Maria Luisa Contotti e Madre Lina Maria Girotto, pela paciência e confiança em mim depositada.
No dizer de São João, “aquilo que ouvimos, aquilo que vimos com os nossos olhos, aquilo que contemplamos e que as nossas mãos tocaram… anunciamos também para vocês para que a vossa alegria seja completa” (1Jo 1,1-4).
Tenho certeza: Celebrar os 60 anos é reviver e rejuvenecer nos passos do seguimento. Vem e vê!
Confirma, ó Deus aquilo que operaste! Com Maria, a Mãe das Dores, coloco tudo no seu coração. Ela me ensina a permanecer de pé, mesmo nas horas difíceis. Obrigada, Senhora minha e minha Mãe!
Viva a Vida Religiosa. E viva a Congregação das Irmãs Beneditinas da Divina Providência!!
Ir. Maria das Dores Paz
Roma – Itália