Construindo juntas a Casa da Vida Religiosa Consagrada

“Vejam como é bom, como é agradável os irmãos viverem bem unidos” (Sl 133).

 No dia 25 de junho de 2022, no Instituto Sagrada Família, Nova Veneza, realizou-se o primeiro Encontro de Vizinhas, do Regional de Santa Catarina. Mesmo com chuva e frio, cada Irmã chegou trazendo um pouco de calor humano para aquecer o ambiente e o coração, onde refletimos o tema: A Casa da Vida Religiosa.

Já no início, fomos recebidas com um saboroso café pelas Irmãs da comunidade. A sala estava preparada com flores e folhagens, uma bela casa e um caminho feito de flores, pedras e espinhos simbolizando nossa caminhada em busca do Reino. Que bela é nossa vida comunitária. Brindes, medalhas e santinhos da Mãe da Divina Providência, mimos e docinhos para partilhar, chamou nossa atenção logo no início.

Irmã Laurita e Irmã Marilde, responsáveis para dinamizar o dia, iniciaram dando as boas-vindas a todas. Irmã Laurita disse que vivemos um momento novo, diferente, que há tanto tempo não acontecia, devido a pandemia do corona vírus. Lembrou que, neste sábado, estávamos celebrando o dia do Imaculado Coração de Maria.

Refletimos o Evangelho segundo São Mateus (Mt 7, 24-29). O ponto central da parábola da casa sobre a rocha está na Palavra, o Verbo que se encarnou, que veio morar entre nós, para que conheçamos de perto o Reino. É sobre esta Palavra, a rocha firme, que devemos edificar a nossa casa.

Com muito carinho, recebemos Irmã Narcisa Maria Pasetto, que havia perdido o seu pai, José Pasetto, no dia anterior. Muitas Irmãs a saudaram dirigindo-lhe palavras carinhosas e encorajadoras. Lembraram que ele foi um grande benfeitor da Congregação, ainda no tempo de Irmã Beniamina Carbone, Mestra de Noviciado. Ela sempre dava a ele um mimo, por ocasião do Natal, recordou Irmã Narcisa. Veio a falecer confortado pela oração de toda a família.

Depois fizemos um momento de oração pessoal com o texto bíblico. (Mt 7,24-29) “A casa construída sobre a rocha”.

Iniciamos as atividades dentro do que foi proposto pela Equipe, utilizamos a imagem da casa para refletir sobre a Vida Religiosa Consagrada. Recebemos o material para “construir” uma casa pré-moldada. Seguindo a metáfora da casa, Irmã Marilde e Irmã Laurita nos ajudaram a refletir sobre a primeira parede que representa a Boa-Nova do Evangelho.

A chama inicial da Vida Religiosa vem do apelo e do seguimento de Jesus Cristo. O rosto invisível de Deus ganha luz na pessoa de Jesus de Nazaré. Três lindas velas traziam escrito os votos: Obediência, Castidade e Pobreza.

A Segunda parede mergulha suas raízes no cuidado com os mais pobres. Irmã Lorena fez a reflexão, lembrando a vocação de Moisés: Deus ouviu a aflição e o clamor de seu povo escravo no Egito, e desceu na pessoa de Moisés. Enfatizou que ainda em nossos dias, nosso sistema econômico gera “ricos cada vez mais ricos, às custas de pobres cada vez mais pobres”. Um pão estava no caminho lembrando que “a família é uma Igreja doméstica” segundo Puebla.

Precisamos ser ponte entre o sofrimento dos pobres e a infinita misericórdia do Pai, mostrando o rosto Providente de Deus. Todo “sim” o é contemporaneamente a Deus e aos irmãos. Muitas vezes não conseguimos ajudar, mas podemos interceder junto a pessoas mais favorecidas e até das autoridades locais, como faziam as Veneráveis Fundadoras Maria e Giustina Schiapparoli.

A terceira parede toma em consideração o nosso Carisma. Irmã Angelina explicitou de maneira bem dinâmica, essa parte. Com a colaboração das coirmãs, montou um painel com caixas que representavam nosso ACOLHER, ASSISTIR E EDUCAR.

Disse que, em sua obra, procuram receber muito bem, não só quem vem procurar moradia, mas também as pessoas carentes que se apresentam. Testemunhou que, na medida em que ajuda as pessoas, em seguida entra muito mais do que foi dado. Precisamos crescer no espírito de família e no confiante abandono na Divina Providência. Somos construtoras da Congregação, a exemplo das Fundadoras que fizeram do amor de Deus a razão de suas vidas.

A quarta parede é do testemunho profético. Irmã Fabiana apresentou muito bem, lembrando que fizemos os votos por causa de Jesus Cristo e que daremos contas a Deus pelo que recebermos. Muitas graciosas “freirinhas” estavam ao longo do caminho. Irmã Fabiana acentuou que precisamos ser mais carinhosas umas para com as outras, estamos esquecendo a parte humana.

Precisamos das luzes do Espírito Santo para a edificação da “nossa casa interior”, viver e testemunhar a Divina Providência. Devemos ir ao encontro do povo, assim como fizeram as Fundadoras Maria e Giustina Schiapparoli. E fomos construindo a nossa casa de madeira, por sinal, muito graciosa.

Fizemos uma parada para o almoço, compartilhado com as Comunidades e muito bem preparado pela comunidade do Instituto Sagrada Família. Em seguida, algumas Irmãs foram visitar as coirmãs idosas da Casa São José.

Voltamos às 14 horas, Ir. Clara Venturini falou sobre o Piso da Vida Comunitária. O piso firme e sólido, representa a dimensão da convivência da vida comunitária.  O alicerce não aparece, o piso fica no chão, é ele que sustenta tudo.

Disse que fazemos parte do mistério da Igreja e não da hierarquia, pois a vocação religiosa é dom da Igreja. O chamado e a resposta acontecem em cada instante de nossa vida. O Reino de Deus está entre nós. A vida comunitária faz parte da missão, ela qualifica a minha missão apostólica. Todas podem colaborar na vida comunitária, cada uma dá o que pode para o enriquecimento de todas.

O espírito de família era muito forte nas Fundadoras Maria e Giustina Schiapparoli, por isso devemos nos espelhar nelas, e seguir seus ensinamentos.

O teto da espiritualidade, foi muito bem explicitado por Irmã Agenora. Na construção de uma casa bem planejada, tudo sobe ao mesmo tempo. Precisamos ter uma vida bem equilibrada, pois estamos construindo nossa espiritualidade. Temos o objetivo de crescer no seguimento a Jesus Cristo. Na comunidade de Nazaré nos deparamos com a “escola do silêncio e da escuta”, uma fonte privilegiada de sabedoria e de aprendizado.

José foi o homem escolhido para o momento: homem justo, do silêncio, da oração e da escuta. O silêncio é o terreno propício para o nascimento e crescimento da Palavra viva e criativa.

Temos o desafio de fazer com que o nosso Carisma se torne a Boa Nova para os pobres. Precisamos ser mulheres da Palavra e da escuta. O silêncio deve ser frutuoso: meditar e guardar a palavra.

Procuremos enxergar a dor do outro; trabalhar com o pobre é sentir com ele, colocar-se humildemente ao lado dele, ajudar é ter o coração terno. Nossa presença deve ser acolhedora, amiga e com olhar materno.

A conclusão é que a casa da Vida Religiosa Consagrada comporta um processo dinâmico, um crescimento espiral em movimento. É necessário que cada membro se disponha a construi-la. Ninguém pode se omitir. Isso levaria à perda do foco da missão e da vocação específica.

Ao final do encontro todas puderam avaliar este dia de convivência e partilha que muito rico pelo fato de as Irmãs participarem na exposição, valorizando a contribuição de cada uma. As Irmãs apresentaram os textos com simplicidade, criatividade e clareza. Tudo foi preparado com responsabilidade, capricho e amor. A construção da casinha com a participação e reflexão de todas, foi muito válida. Vale a pena a gente se encontrar.

Uma professora, que trabalha conosco, disse: como leiga, eu admiro o trabalho de vocês, é lindo e faz a gente refletir. Eu aprendo muito com vocês. Rezo com as crianças pelas vocações. Cada uma contribuiu para que eu voltasse a ter uma vida serena.

Irmã Laurita agradeceu a presença e participação de cada uma e todas que colaboraram para que este encontro acontecesse. Finalizamos o encontro com momento do Adoração ao SS. Sacramento na capela.

Irmã Lorena Cechinel, BDP

Colégio São Bento, Criciúma (SC)

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